sábado, 12 de fevereiro de 2011

Palavra de Vida - Fevereiro

"Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." (Rm 8, 14)

Essa frase está no cerne do hino que são Paulo canta à beleza da vida cristã, à sua novidade e liberdade, efeitos do Batismo e da fé em Jesus que nos inserem plenamente Nele e por Ele, no dinamismo da vida trinitária. Tornando-nos uma única pessoa com Cristo, compartilhamos com Ele o Espírito e todos os seus frutos, o primeiro dos quais é a filiação divina.

Paulo fala em "adoção" (cf. Rm 8,15; Gl 4,5), mas somente para distingui-la da posição de filho natural, que cabe somente ao Filho único de Deus.

Nossa relação com o Pai não é meramente jurídica, como no caso dos filhos adotivos, mas é substancial, muda nossa própria natureza, como que por um novo nascimento. Pois toda a nossa vida passa a ser animada por um princípio novo, por um espírito novo, que é o próprio Espírito de Deus.

E vem o desejo de cantar incessantemente, com Paulo, o milagre da morte e da ressurreição que a graça do Batismo realiza em nós.

"Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus."

Essa frase afirma algo que tem a ver com a nossa vida de cristãos, na qual o Espírito de Jesus introduz um dinamismo, uma tensão, resumida por Paulo na contraposição entre carne e espírito. E ele entende por carne o homem inteiro (corpo e alma), com toda a fragilidade que o constitui e com o seu egoísmo, em luta contínua com a lei do amor, ou melhor, com o próprio Amor que foi derramado em nossos corações (cf. Rm 5,5).

De fato, aqueles que são guiados pelo Espírito precisam enfrentar todos os dias o "bom combate da fé" (1Tm 6,12) para conseguir dominar todas as inclinações ao mal e viver de acordo com a fé que professaram no Batismo.

Mas como?
Sabemos que o Espírito Santo só poderá agir se correspondermos à Sua ação. São Paulo, ao escrever essa frase, pensava, sobretudo, naquele dever dos seguidores de Cristo que é justamente renegar-se a si mesmo, lutar contra o egoísmo nas suas mais variadas formas.

Mas, é essa morte a nós mesmos que produz vida; por isso, cada corte, cada poda, cada "não" ao nosso "eu" egoísta é fonte de nova luz, de paz, de alegria, de amor, de liberdade interior; é porta aberta ao Espírito.

Se deixarmos o Espírito Santo, que habita em nossos corações, mais livre, Ele poderá nos conceder seus dons com mais abundância e nos guiar nos caminhos da vida.

"Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus."

Como podemos, então, viver essa Palavra de Vida?
Antes de tudo, conscientizando-nos cada vez mais da presença do Espírito Santo em nós. Carregamos em nosso íntimo um tesouro imenso, mas não nos damos suficientemente conta disso. Possuímos uma riqueza extraordinária, que geralmente não utilizamos.

Além disso, para podermos ouvir e seguir a voz do Espírito Santo, devemos dizer não a tudo o que é contrário à vontade de Deus e sim a tudo aquilo que é sua vontade: não às tentações, cortando sem hesitar o que elas sugerem; sim às tarefas que Deus nos confiou; sim ao amor para com todos os próximos; sim às provações e dificuldades que encontramos?

Se agirmos assim, o Espírito Santo nos guiará, dando à nossa vida cristã aquele sabor, aquele vigor, aquela força de atração, aquela luminosidade que ela não pode deixar de ter se for autêntica.

Assim, também quem estiver ao nosso lado perceberá que não somos simples filhos de nossa família humana, mas somos filhos de Deus.

Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em junho de 2000.

Chiara Lubich

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